A expectativa de João Galamba é que a banca venha a oferecer mais produtos financeiros para estas políticas. “Pensamos que, com os reguladores a imporem mais medidas ao setor financeiro para que alinhem a sua política de financiamento com a política de transição energética e o Pacto Ecológico Europeu, a disponibilização desses produtos e desses serviços venha a aumentar face ao que acontecia no passado, em que eram bastante escassos ou caros”. O secretário de Estado sublinha que as políticas definidas devem ser justas, para que cheguem “ao maior número possível” de pessoas, tendo em conta a “pluralidade das famílias que existem em Portugal”.
A renovação dos edifícios e das habitações vai proporcionar às casas uma maior eficiência energética, que por sua vez irá traduzir-se na redução de Gases com Efeito de Estufa (GEE). De acordo com o Roteiro para a Neutralidade Carbónica, “os edifícios são atualmente responsáveis por 5% das emissões nacionais de GEE e cerca de 30% do consumo de energia final”. Por essa razão, as casas eficientes são igualmente um aspeto importante no que toca à transição energética, para uma Europa mais verde e sustentável.
Em Portugal, já houve um aumento dos impostos ambientais. Como consequência, “o carvão começou a pagar mais impostos e saiu do mercado, não consegue competir com o sol, com o vento e com a água”. Daqui a uns anos, antecipa o secretário de Estado Adjunto e da Energia, “acontecerá certamente o mesmo com o gás”. E para isso é preciso “mais solar, mais eólico e mais baterias”.
João Galamba lembra que a meta para 2020 era que 60% da eletricidade fosse produzida a partir de energias sustentáveis, “e para 2030 é 80%”. Segundo dados das Redes Energéticas Nacionais (REN), em Portugal, entre janeiro e março deste ano, 78,8% da energia foi produzida através de fontes renováveis.
Além dos benefícios para o ambiente, a diminuição na importação de combustíveis fósseis trará ganhos para a economia: “temos vantagens económicas em substituir coisas que não temos e que temos de comprar a outros, por coisas que temos em abundância e que podemos produzir até mais barato do que as alternativas”, que é o caso do sol, da água e do vento.
Para Portugal, o Pacto Ecológico Europeu significa ao mesmo tempo melhorar o conforto energético, combater as desigualdades, ser mais amigo do ambiente e reduzir a dependência de fontes de energia que não produz. Casas amigas do ambiente e da igualdade exigem resolver o problema das más construções, dos baixos rendimentos e de energia cara e poluente. A Suécia, como nos mostraram Jan Martinsson e Vitor Calção, já fez boa parte desse caminho. Agora é a vez de libertar os portugueses da “cultura da mantinha”.